segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

MABON - EQUINÓCIO DE OUTONO


    Mabon ou Equinócio de outono como também é chamado de  será exatamente no dia 20 de março às 02:15hs, segundo período do ano em que o sol se encontra diretamente sobre o Equador e em que dia e noite têm igual duração. É nessa fase em que a Luz e Escuridão estão equilibradas, mas a escuridão começa a ganhar da Luz e, em breve, a Escuridão suplantará a Luz.
   Esse Sabbath é encarado como um tempo de equilíbrio, gratidão aos Deuses e reflexão, representa a segunda colheita da Roda e é a maior colheita do ano. Mabon marca o momento de começarmos a compreender que em breve a Morte de nosso Deus mais uma vez se manifestará.

   Em Mabon, temos a convicção de que a cada dia nosso Deus, o Sol, enfraquece seus raios e diminui sua luz. Ele está envelhecendo e morrendo lentamente como as plantas colhidas da terra. Ele gastou todo o seu poder fertilizador durante os Sabbaths anteriores, e é esse poder que agora é colhido por nós nas colheitas nessa época.

   Nossa Deusa, grávida, mantém-se de pé diante do
leito de morte do Deus, mas ela tem a promessa de seu renascimento dentro do útero, por isso não está triste. Ele aos poucos definha em seus braços. As plantas estão começando a morrer e suas folhas caem e tornam-se de um marrom desvitalizado. Animais estão preparando abrigo para o frio que se aproxima. Considerando que esse é um dos dois dias de equilíbrio do ano (como vimos em Ostara), é tradicional fazer uma limpeza na casa.

   Deverão ser abençoados os umbrais da casa para proteção dos que nela vivem. Compre roupas novas, renove seu guarda-roupa. É uma ótima época para feitiços que visam ao seu equilíbrio, seja financeiro, amoroso ou profissional. Abra mão de culpas que não pertencem a você substituindo-as por carinho e aceitação. Aumente sua auto-estima. Leia muito, renove também seus conceitos intelectuais. Andar a pé descalço na natureza é ótimo para equilibrar-se energeticamente.
Devemos também pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de nossa ajuda e conforto, assim como é a época ideal para prestar homenagens a nossos antepassados femininos, queimando papéis com seus nomes no caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Xamanismo Celta.

Morríghan
       Quem de nós, pagãos, não ouviu ao menos uma vez falar de deuses e heróis como Merlin, Cerridwen, Morríghan, Arthur e outros tantos exemplos da Mitologia Celta? Quem de nós consegue resistir ao Apelo Mágico das lendas e mitos que envolvem esses deuses e heróis? E quantos de nós, ao lermos esses mitos e lendas, conseguimos realmente compreender a sutileza das magníficas lições e ensinamentos neles contidas?


Essa não é uma tarefa fácil. A linguagem dos mitos e lendas ancestrais é por vezes muito truncada, posto que cheia de simbolismo. Ademais, os mitos e lendas pertencem a outras civilizações, que viveram em outros tempos, e certamente sua visão do mundo é muito diferente da nossa. Mas, como sempre digo as lendas não são somente estórias, elas contam a história de um povo. E para compreendê-las, temos que encará-las como vivas - e nenhuma outra tradição apresenta as lendas de forma mais viva do que o Xamanismo.
Os preceitos básicos do Xamanismo - conhecer e reintegrar-se aos ciclos da Natureza, acessar suas manifestações e buscar através dessa compreensão a evolução - são os mesmos desde há milhares de anos, e hoje mais e mais pessoas procuram conhecer as técnicas e ensinamentos do xamanismo como caminho espiritual que supra a carência de contato com o Princípio Criador da Terra Viva. Apesar de normalmente associado aos povos indígenas norte-americanos, o termo "Xamã" na verdade é de origem siberiana, e designa o "sacerdote" ou mensageiro que acessa as energias e seres do mundo sutil. No entanto, praticamente todas as culturas ancestrais possuem elementos xamânicos em suas filosofias e religiões. Além das já citadas tribos primitivas da Sibéria e dos nativos norte-americanos, encontramos traços xamânicos entre os bosquímanos africanos, os aborígines australianos, os povos pré-cabralianos do Brasil e, obviamente, entre os antigos Celtas. E é justamente sobre essa forma de Xamanismo que iremos falar.

A cultura Celta é provavelmente a que mais exerce influência no Movimento Neo-Pagão atual. Além do fascínio causado pelos mitos e lendas celtas, seus deuses e deusas, seu calendário e seus rituais mágicos são amplamente utilizados pelas tradições Neo-Pagãs. Contudo, apesar dos fortes elementos xamânicos existentes na religião dos Celtas, pouca atenção é dada aos aspectos práticos dessa tradição. Muita atenção tem sido dada às datas do Calendário e às deidades, mas raramente o tema Xamanismo Celta é abordado com profundidade, seja aqui no Brasil ou no exterior.
Trata-se, contudo, de um caminho, de uma corrente, muito forte e significativa. Através do Xamanismo Celta, podemos realmente compreender os mitos e lendas celtas, seu real significado, bem como a verdadeira natureza de deusas e deuses, heroínas e heróis da Irlanda, Gália e Grã-Bretanha. O Xamanismo Celta, por sua abordagem completa e complexa, mas simples e direta, possibilita um REAL entendimento da roda do ano e de seu significado.

     Atualmente, o escritor e mitólogo inglês John Matthews é o maior expoente do Xamanismo Celta. Num trabalho sério e responsável, rico em fundamentos acadêmicos, ele oferece uma visão clara e prática, mas igualmente profunda, do que é o Xamanismo Celta. Trata-se de um Caminho que, ao unir a magia do Xamanismo ao vigor da cultura Celta, cria uma alternativa válida e ao mesmo tempo fascinante para a Busca pelo desenvolvimento pessoal e por um mundo melhor. O Universo do Xamã Celta.

Um dos mais originais e belos pontos do Xamanismo Celta é a sua cosmovisão, ou seja, o modo como o universo é descrito. Esta cosmovisão compartilha elementos com muitas outras religiões de origem indo-européia (Celtas, nórdicos, etc.), como a divisão do Universo em três esferas, a existência de uma árvore sagrada que liga essas esferas, e por aí vai. No caso específico do conhecimento oferecido pelo Xamanismo Celta, o Cosmo é dividido em três: O Mundo Superior, O Mundo Médio e o Mundo Inferior. Interligando esses três planos, temos uma árvore, Bíle, a árvore da vida ou YggDrassil.

Erguendo seus galhos rumo aos céus, e lançando suas raízes nas profundezas da terra, a árvore é o verdadeiro Axis Mundi, o Eixo do Mundo, que funciona como ponte entre todos os planos do Universo. Ao redor de seus galhos, órbita o Sol e a Lua, determinando assim a passagem do tempo e das estações, tão importantes para a religião celta (como atesta a Roda do Ano). Em seus galhos temos o Mundo Superior: ao contrário do que se possa imaginar, o Mundo Superior não está hierarquicamente acima dos demais, é apenas "geograficamente" superior. É aqui que encontramos as estrelas e os corpos celestes, que lançam sua influência sobre nós. O Mundo Superior envolve e é envolvido pela copa da Árvore e seus galhos e ramos. O Mundo Médio é o nosso mundo, nossa dimensão. É nossa morada. Para o xamã celta, este é o ponto de partida. A partir daqui, podemos nos deslocar para cima (Mundo Superior) ou para baixo (Mundo Inferior), e assim interagir com as criaturas, deuses, animais totêmicos, espíritos da Natureza - que neles habitam. No Mundo Médio do Xamanismo Celta podemos perceber claramente os elementos da magia _ O Mundo Médio é representado por um círculo ao redor do tronco da árvore, onde temos as quatro direções (ou Quatro Ventos) Norte, Sul, Leste e Oeste, que por sua vez estão associadas aos quatro elementos. O quinto é a própria Árvore, essência e símbolo da Vida, à qual o Xamã Celta se funde em sua Jornada.

Por fim, temos o Mundo Inferior. Novamente, não se trata de uma inferioridade hierárquica ou de importância, pelo contrário, pois o Mundo Inferior é a morada dos deuses do submundo. Ou seja, é aqui que entramos em contato com os Poderes da Terra, suas forças e energias. No Mundo Inferior (por vezes chamado de Submundo, novamente sem nenhuma conotação negativa) existe uma nascente, de onde surgem os Sete Rios Da Vida. A Água sempre foi um símbolo da origem da vida - muito antes da ciência apresentar suas teorias de que a vida teria surgido das águas primordiais, as mitologias do mundo já viam mares, oceanos, rios e nascentes como fontes de vida e energia. Por esses sete rios transitam os animais totêmicos e animais de poder do mundo do Xamanismo Celta. Essa divisão do universo em três planos é clara, porém um plano está intimamente ligado ao outro.
 

 Como podemos perceber na mitologia celta, o Mundo Superior e o Inferior se confundem, e por vezes ambos são chamados de Outro Mundo, em contraste com o nosso Mundo, o Mundo Médio. E mesmo esta separação não é definitiva, pois em determinados momentos esses mundos se tocam e se fundem - como no festival de Samhain, onde se rompem temporariamente as barreiras já tênues que separam o Outro Mundo de nosso Mundo. O mais interessante, porém, é que essa visão abarca todo o Universo e, no entanto, nas tradições irlandesas, o Universo é do tamanho de uma avelã... Uma clara referência à visão celta do microcosmo contido no macrocosmo. Toda a vastidão do Universo cabe dentro de uma pequena avelã... Logo a avelã, símbolo máximo do conhecimento na tradição celta!
O simbolismo é claro: a avelã é o conhecimento - e é também o universo. Se eu conheço o universo, conheço tudo! E se conheço tudo, conheço os deuses e deusas, as criaturas e, principalmente, conheço a mim mesmo!

Assim, com essa visão de três mundos interligados por uma Árvore (a própria Vida), o Xamã Celta pode começar sua jornada pelos diferentes Planos. Pode ir ao Mundo Superior, para buscar iluminação e cura, pode descer ao Inferior, para conhecer os mistérios da Natureza e sempre deve retornar, para por em prática o seu trabalho e seu aprendizado, diante de Deuses, Deusas, Animais E Mestres. Certamente o Xamã Celta não embarca em sua Jornada apenas para satisfazer sua curiosidade ou sede de poder. Na verdade, o que todo Xamã busca é o Conhecimento, mas mais ainda, a Sabedoria para usar esse conhecimento de modo correto. Todo Xamã é um aprendiz, mas é também um mestre. Mas mais do que isso, o verdadeiro Xamã é aquele que intermedia entre nosso mundo e o mundo dos Deuses. É o responsável pela cura, pessoal, individual e coletiva. Ao Xamã cabe, ao obter Conhecimento e Sabedoria no Outro Mundo, utilizá-los aqui para o bem da terra e do clã. O Xamanismo Celta é um poderoso instrumento para conhecer os deuses, curar a terra e criar um mundo melhor.




domingo, 19 de fevereiro de 2012

A SOBREVIVÊNCIA XAMÂNICA

                                                         


                                     
       O Shaman é uma figuras das mais antiga e uma das mais  marcantes na história da evolução humana. O xamanismo é a fonte de tanto magia como religião, e como Mircea Eliade expõe, é "uma técnica arcaica de êxtase". Seus elementos estruturais pode ser rastreada bem como de volta para o Paleolítico Superior, e esses elementos são essencialmente semelhantes em todas as culturas diferentes, em quadros de tempo diferentes. Mesmo que os detalhes da superfície do visão xamânica  de mundo tende a ser diferente mesmo dentro culturas peculiares, os princípios fundamentais permanecem semelhantes, fornecendo algum requisito elementar da psique humana que se manteve constante ao longo de um período de centenas de milhares de anos.
       Xamanismo mostra uma sobrevivência notável, e existem muitos exemplos de xamãs co-existentes com outros sistemas religiosos ou mágicos em hoje em dia. A maioria dos curandeiros do mundo são os xamãs, por exemplo. Medida que as sociedades evoluem para formas mais complexas do que a do caçador-coletor, os papéis que os satisfaz xamã é tomada por outros. Do xamanismo surgiu teatro, religião, magia, arte, dança, música e talvez até mesmo escrever e linguagem. Traços do xamanismo permanece, nos costumes, folclore e mito - deferência para aqueles que podem manipular as forças ocultas do mundo como trapaceiros e curandeiros. Os ocidentais estão cada vez mais voltando-se para o xamanismo em uma busca para revitalizar e reintegrar-se em uma visão de mundo que está além do que o oferecido por nossa cultura.



       Até recentemente, o interesse em xamanismo foi limitada aos pesquisando em etnologia e antropologia, e psicanalistas, como Carl Gustav Jung. Agora parece que o xamanismo é subitamente muito popular. Os gerentes de negócios são enviados para cursos de fim de semana, enquanto a sabedoria acumulada de muitos povos tribais está sendo avidamente devorado por pessoas que estão ansiosas para entrar em contato com a sabedoria antiga e um ter um sentimento de pertença. Escritores como Carlos Castañeda e Lynn Andrews fizeram xamanismo acessível e popular.

As origens do xamanismo
As raízes do xamanismo estão perdidas na antiguidade. No entanto, sabemos, que, dadas as semelhanças entre as práticas xamânicas no novo mundo e da Europa, que os elementos fundamentais de xamanismo foram estabelecidos como o primeiro Paleo-americanos começaram a se mover através do estreito de Bering que ligava a Sibéria ao Alasca. Esta ponte desapareceram cerca de 12.000 anos atrás, como as geleiras do Ártico derreteu.