sábado, 30 de junho de 2012

A DEUSA







Entre os Mundos



Os encargos da Deusa 1,



Ouça as palavras da grande mãe, que, em tempos idos, era chamada de
Ártemis, Dione, Melusina, Afrodite, Ceridwen, Diana, Arionrhod, Brígida
e por muitos outros nomes:

“ Quando necessitar de alguma coisa, uma vez no mês, e é melhor que seja
 quando a lua estiver cheira, deverá reunir-se em algum local secreto e
adorar o meu espírito que é a rainha de todos os sábios. Você estará
livre da escravidão e, como um sinal de sua liberdade, apresentar-se-á nu
em seus ritos. Cante, festeje, dance, faça música e amor, todos em minha
presença, pois meu é o êxtase do espírito e minha também é a alegria sobre
a terra. Pois minha lei é a do amor para todos os seres. Meu é o segredo que
abre a porta da juventude e minha é a taça do vinho da vida, que é o
caldeirão de Ceridwen, que é o gral sagrado da imortalidade.
Eu concedo a sabedoria do espírito eterno e, além da morte, dou a paz e a
 liberdade e o reencontro com aqueles que se foram antes. Nem tampouco
exijo algum tipo de sacrifício, pois saiba, eu sou a mãe de todas as coisas e
 meu amor é derramado sobre a terra.”

Atente para as palavras da deusa estelar, o pó de cujos pés abrigam-se o sol,
 a lua, as estrelas, os anjos, e cujo corpo envolve o universo:

“ Eu que sou a beleza da terra verde e da lua branca entre as estrelas e
os mistérios da água, invoco seu espírito para que desperte e venha até a mim.
 Pois eu sou o espírito da natureza que dá vida ao universo.
De mim todas as coisas vêm e para mim todas devem retornar.
 Que a adoração a mim esteja no coração que rejubila, pois, saiba, todos
os atos de amor e prazer são meus rituais.
Que haja beleza e força, poder e compaixão, honra e humildade,
júbilo e reverência, dentro de você.
 E você que busca conhecer-me, saiba que a sua procura e ânsia serão
 em vão, a menos que você conheça o mistério: pois se aquilo que busca,
 não se encontrar dentro de você, nunca o achará fora de si.
Saiba, pois, eu estou com você desde o início dos tempos,
e eu sou aquela que é alcançada ao fim do desejo.”



O simbolismo da Deusa tem assumido um poder eletrizante para as
mulheres. A redescoberta de uma antiga civilização femeocentrada
 trouxe
 profundo sentido de orgulho na capacidade de a mulher criar e sustentar
 uma cultura. Ela expôs as falsidades da história patriarcal e propiciou
modelos
 de força e autoridade femininas. Novamente, no mundo atual,
reconhecemos
a Deusa, antiga e primitiva: a primeira das deidades; padroeira da Idade
 da Pedra e suas caçadas e dos primeiros semeadores; sob cuja orientação
os rebanhos foram domesticados, as ervas curativas logo descobertas;
a partir de cuja imagem as primeiras obras de arte foram criadas; para
quem as pedras foram levantadas; que era a inspiração para canções
e poesia.
 Ela é a ponte, pela qual podemos cruzar os abismos dentro de nós
 mesmos, que foram criados pelo condicionamento social,
e nos colocar em contato, novamente, com os nossos potenciais perdidos.
 Ela é o navio, no qual navegamos nas águas do self profundo, explorando os mares
 desconhecidos dentro de nós. Ela é a porta, através da qual
passamos para o futuro.
 Ela é o caldeirão, no qual, os que fomos puxados de um lado para outro,
 podemos cozinhar em fogo brando, até que sejamos novamente um todo.
Ela é a passagem vaginal, através da qual renascemos.

Uma análise comparativa geral, histórica e/ou cultural, da deusa e de
seus símbolos exigiria, por si só, vários volumes e eu não farei tal
tentativa no espaço limitado, tendo em vista, especialmente,
que muito material de boa qualidade já é disponível.

As pessoas, com freqüência, perguntam-me se eu acredito na
 Deusa. Eu respondo: “Você acredita em pedras?” É extremamente
difícil, para a maioria dos ocidentais, captar o conceito de uma
deidade manifesta. A frase “acreditar em” implica que não
podemos conhecer a Deusa, que ela é, de alguma maneira,
inalcançável, incompreensível. Mas, nós não acreditamos em
 pedras, podemos vê-las, tocá-las, cavá-las de nosso jardim ou
impedir que crianças atirem-nas umas nas outras. Nós as conhecemos;
ligamo-nos a elas! Na Arte, não acreditamos na Deusa:
ligamo-nos a Ela, através da lua, das estrelas, do mar, da terra,
 das árvores,  animais e outros seres humanos, através de nós mesmos.
Ela está aqui. Ela está dentro de todos nós. Ela é o círculo pleno:
 terra, ar, fogo, água  e essência; corpo mente espírito,
emoções, transformações.

A Deusa é a primeira em toda a terra, o mistério, a mãe que alimenta e dá
 toda a vida. Ela é o poder da fertilidade e geração; o útero e também a
sepultura que recebe, o poder da morte. Tudo vem dela, tudo retorna para ela.
Sendo terra, também é a vida vegetal; as árvores, as ervas e os grãos que s
ustentam a vida. Ela é o corpo e o corpo é sagrado. Útero, seios, barriga, boca, vagina, pênis, osso e sangue; nenhuma parte  do corpo é impura, nenhum
aspecto dos processos vitais é maculado por qualquer conceito de pecado. Nascimento, morte e decadência, são partes igualmente sagradas do ciclo.
Se estivermos comendo, dormindo, fazendo amor ou eliminando excessos
do corpo, estamos manifestando a deusa.

A Deusa da Terra é também o ar e o céu, a celestial Rainha do Céu,
A Deusa Estelar, regente de todas as coisas sensíveis mas invisíveis:
 do conhecimento, da mente e da intuição. Ela é a musa, que desperta
todas as criações do espírito humano. Ela é a amante cósmica,
a estrela da manhã e do entardecer, Vênus que surge nos momentos
 de amor. Bela e irradiante, ela jamais pode ser dominada ou
penetrada; a mente é conduzida cada
 vez mais adiante na ânsia de conhecer o desconhecido, de falar
 o inexprimível. Ela é a inspiração que vem no momento da introspecção.

A Deusa Celestial é vista como a lua, que está associada aos ciclos mensais de sangramento e fertilidade das mulheres. A mulher é a lua terrena; a lua é o ovo
celestial, vagando no útero do céu, cujo sangue menstrual é a chuva que fertiliza e
o orvalho que refresca; aquela que governa as marés dos oceanos, o primeiro
ventre da vida na terra. Portanto, a lua é também a Senhora das Águas: das ondas
 do mar, correntes, nascentes, dos rios que são as artérias da Mãe Terra; dos lagos,
poços profundos e lagoas escondidas, dos sentimentos e emoções, que nos tomam
como ondas do mar.


A Deusa da Lua possui três aspectos: crescente é a donzela; cheia, é a Mãe;
minguante, é a anciã. Parte do treinamento de cada iniciado implica períodos de meditação sobre a Deusa em seus vários aspectos.


1,  O Papel da Deusa foi escrito por Doreen Valiente. Ele aparece sob diversas formas; nesta versão, fiz alterações ligeiras na linguagem. Ele é muitissimo apreciado pelos bruxos por expressar perfeitamente nosso conceito da Deusa.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

PÃ!!!





INVOCAÇÃO A PÃ
 
Por MARK SIMOS
 
 
            Se o corvo seus cabelos tingir
 
E sentar-se um rei escarlate
 
Na escada inclinada do coração
 
Então, oh, os espetáculos que lá você verá...
 
O cristal se quebrando
 
Sob um penetrante olhar verde-escuro,
 
 
 
Um penetrante olhar verde-escuro, de olhos fogosos,
 
De lagoas do mais profundo âmbar...
 
Cerque seu castelo de urze branca,
 
Ainda assim Pã encontrará seus aposentos.
 
 
 
Encha-o até a borda, não diga quando,
 
Beba até fartar-se e beba novamente,
 
Ouça o mar tonitruando.
 
Encha-o até a borda, não diga quando,
 
É Pã que continua servindo...
 
 
 
Mãos de nozes, os olhos de um urso...
 
Aquele que busca as suas tristezas
 
Poderá achar a parte do leão.
 
Com o mesmo fôlego ele atrai e avisa...
 
O fogo que mantém o frio à distância
 
É o mesmo fogo que queima.
 
 
 
A chama que arde, a canção que mata,
 
Quando você ouve o que ela está dizendo...
 
Deixe o pânico perseguir-vos no labirinto,
 
Pois Pã está somente se divertindo.
 
 
 
Encha-o até a borda, não diga quando,
 
Beba até fartar-se e beba novamente,
 
Ouça o mar tonitruando.
 
Encha-o até a borda, não diga quando,
 
É Pã que continua servindo.
 
 
 
Observador misterioso com sobrancelhas emaranhadas
 
Põe seu dedo em seus lábios,
 
Não mais ouviremos juras,
 
De promessas que jamais guardaremos,
 
Nem do sonho secreto
 
Que foge quando despertamos do sono.
 
 
 
Quando do sono despertamos,
 
E os nossos olhos esfregamos,
 
Para impedir que as lágrimas salgadas escorram,
 
Você pode cobrir os seus ouvidos para abafar os seus brados...
 
 
 
Entretanto é Pã que continua simplesmente chamando. 

A imagem do Deus Galhudo em Feitiçaria é radicalmente diferente de qualquer
outra imagem de masculinidade em nossa cultura. Ela é difícil de ser
compreendida, pois ele não se encaixa em nenhum dos estereótipos esperados, nem
aqueles referentes ao homem "macho" nem às imagens invertidas daqueles que,
deliberadamente, buscam a efeminação. Ele é suave, carinhoso e encorajador,
mas é também o Caçador. Ele é o Deus Moribundo, mas a sua morte está sempre a
serviço da força vital. Ele é sexualidade indomada, mas sexualidade como um
poder profundo, sagrado e unificador. Ele é o poder do sentimento e a imagem do
que os homens poderiam ser, se estivessem libertos das correntes da cultura
patriarcal.
 

A imagem do Deus Galhudo foi deliberadamente pervertida pela igreja medieval
para a imagem do diabo cristão. As bruxas não acreditam ou cultuam o diabo -
elas o consideram como um conceito próprio do cristianismo. O Deus das Bruxas é
sexual, mas a sexualidade é percebida como sagrada, não como obscena ou
blasfema. Nosso deus possui chifres, mas estes são as meias-luas que crescem e
minguam da Deusa da Lua e o símbolo da vitalidade animal. Em alguns aspectos,
ele é negro, não por ser horrendo ou assustador, mas porque a escuridão e a
noite são períodos de poder e parte dos ciclos temporais.Sempre existiram tradições
 da Arte nas quais ao deus é concedido reconhecimento
limitado. Na Arte, os mistérios femininos e os mistérios masculinos podem ser
desempenhados separadamente. Mas, na maioria das tradições de bruxas, o Deus
é visto como a outra metade da Deusa e muitos dos ritos e festividades são
dedicados a ele e a ela.
 
No movimento feminino, a Feitiçaria diânica/separatista tornou-se moda e algumas mulheres 
podem ter dificuldades em compreender porque uma feminista se preocuparia com o Deus Galhudo. 
No entanto, existem poucas mulheres - se, de fato, existem - cujas vidas não estão ligadas aos homens, 
senão sexual e emocionalmente, então economicamente. O Deus Galhudo representa qualidades masculinas 
poderosas e positivas que derivam de fontes mais profundas que estereótipos e o aleijamento emocional e 
violento dos homens em nossa sociedade.Se o homem tivesse sido criado à imagem do Deus Galhudo, estaria 
livre para ser indomado sem ser cruel, irado sem ser violento, sexual sem ser coercivo,espiritual sem ser
assexuado e capaz de amar verdadeiramente. As sereias, que são a Deusa, cantariam para ele.  


Para os homens, o Deus é a imagem do poder interior e da potência que vai além
do sexual. Ele é o self não dividido, no qual a mente não é cindida do corpo,
nem o espírito da carne. Unidos, ambos podem funcionar ao máximo do poder
criativo e emocional.
 
Em nossa cultura, ensina-se aos homens que a masculinidade exige ausência de
sentimentos. Eles são condicionados a agir de maneira militar; a castrar as
emoções e ignorar a mensagem de seus corpos; a negar o desconforto físico, a dor
e o medo, a fim de lutar e dominar com maior eficácia. Isso assume foros de
verdade independentemente de o campo de batalha ser o da guerra, um quarto ou um
escritório.



O Deus incorpora o poder do sentimento. Seus chifres animais representam a
verdade da emoção não mascarada, a qual não busca agradar a nenhum senhor. Ele é
indômito. Mas, sentimentos indomados são muito diferentes de violência
sancionada. O deus é a força da vida, o ciclo da vida. Ele permanece dentro da
órbita da deusa; seu poder está sempre a serviço da vida.
 
O Deus das Bruxas é o Deus do amor. Esse amor inclui a sexualidade, que também é
plenamente selvagem e indomada, assim como suave e carinhosa. Sua sexualidade é
plenamente sentida, em um contexto onde o desejo sexual é sagrado, não somente
por ser o meio pelo qual a vida é procriada mas, também, porque ele é o meio
através do qual nossas próprias vidas são mais profundas e extaticamente
realizadas. Em Feitiçaria, o sexo é um sacramento, sinal externo de uma graça
interior. Essa graça é a profunda ligação e o reconhecimento da totalidade da
outra pessoa. Em essência, não se limita ao ato físico, é uma troca de energia,
um alimentar sutil entre as pessoas. Através da ligação com o outro, ligamo-nos
ao todo.

Na Arte, a cisão entre mente e corpo, carne e espírito, é curada. Os homens são
livres para serem espirituais sem serem assexuados, pois Deus e Deusa incorporam
a força profundamente tocante da sexualidade apaixonadamente vivida. Eles podem
unir-se a seus sentimentos verdadeiros, suas necessidades, suas fraquezas, assim
como a suas forças. Os rituais são vigorosos, físicos, energéticos e catárticos.
O êxtase e a energia selvagem e indomada são revestidos de um valor espiritual,
não relegados ao campo de futebol ou ao bar da esquina.
O Deus está dentro e fora. Como a Deusa, ele é invocado de várias maneiras: com
canções, cânticos, tambores, danças, um poema sussurrado, um grito selvagem. De
qualquer maneira que o invocamos, ele desperta dentro de nós:
 

sábado, 17 de março de 2012

PORQUE NOS CHAMAMOS BRUXOS


O termo bruxaria é um termo que sempre desperta reações. Ele está tão associado a coisas "escuras e maléficas" que algumas pessoas questionam se devíamos mesmo usar este termo para identificar estas práticas neo pagãs que fazemos uso, como instrumental de nossa ligação com a DEUSA.

Mas voltemos ao passado, vamos voltar ao tempo em que mulheres e homens diferentes, que incomodavam os poderes estabelecidos, eram cruelmente torturados.

Poucos percebem que a tortura, para confessar bruxaria, era uma tortura similar a que os serviços secretos ainda usam hoje, para extrair informações sobre as reais práticas dos que eram depois sacrificados a fogueira, num ritual necromante, para imprimir na anima mundi, na alma do mundo, um medo à magia, ao conhecimento dos povos naturais.

O saber dos povos naturais foi progressivamente sendo destruído por um conluio de forças que tem uma de suas principais forças começando a atuar no pacto nefasto de Júlio César e seus asseclas com Cleópatra e seu clero, quando os conhecimentos passaram a ser sistematicamente perseguidos e um simulacro de religião foi criada, com nítida função de criar servos, de dominar.

Os exércitos de guerreiros iam se tornando mercenários brutais e os sacerdotes iam se tornando mercadores de almas.

Júlio César destrói a biblioteca de Alexandria e então mais tarde, o Império Romano assume a religião cristã, isto é, cria uma versão da religião cristã para si, e com as armas, a vocação das legiões ainda em sua egrégora, sai a destruir Cátaros, Albigineses e depois cruzadas rumo ao Oriente, guerras de conquista, a invasão destas terras brasilis e de todo o continente, a escravização ou massacre de populações nativas tanto aqui como na África.

Fomos doutrinados para crer que o saber dos povos nativos é inferior, selvagem, supersticioso, que só a gloriosa tradição do positivismo vinda dos conquistadores é válida.

Essa prisão já foi imposta no próprio continente de onde vem os conquistadores, ali já perseguiram e julgam ter destruído todos os elos do saber dos povos nativos que ali também viveram.

Julgam que o racionalismo venceu e o saber místico e mágico foi erradicado.

Rindo disso, em menires, em lugares sagrados, dentro de capelas e igrejas que os conquistadores construíram em cima de lugare de poder, herdeiros e herdeiras desse Saber Ancestral continuam ritualizando e ao ritualizarem reatualizam o mito.

Então a Era Industrial, os paradigmas da Era Industrial tomam os povos, as cidades crescem, as pessoas vão perdendo o elo com os campos, com a natureza. Poucos se lembram que é o ouro arrancado de Hy Brasil, sob a vergasta do conquistador, com o sangue dos escravos índios e africanos, que migra de Portugal para a Inglaterra e faz acontecer a Revolução Industrial.

O mundo muda, os paradigmas mudam, o povo natural é ainda mais desprezado e seu saber relegado a condição de superstição grosseira.

O orgulhoso materialismo positivista arrogantemente pretende dizer o que é real e o que não é. Onde devia dizer "não entendo", ou "sequer percebo" dizem "não existe".

Campos, pagus, pagãos, povos dos campos, em sintonia com a vida, com a natureza. Tais valores passam a ser tido como menores, sinal de atraso.

Urbes, cidades, povos urbanos, isolados da natureza, mas ainda dela dependem. O povo da cidade é tido por culto, intelectualizado.

O mundo passa a ser dividido em nações "desenvolvidas", "industrializadas" e nações "subdesenvolvidas", "não industrializadas" .

O preço dessa "revolução industrial " é visível hoje na destruição da camada de ozônio, na extinção de espécies animais e vegetais, num caos social que gera violência e tensão em várias escalas.

Lhes pergunto: Teria acontecido uma revolução industrial como essa, em povos com a ligação plena da Terra como os nativos?

A Revolução Industrial aconteceu na forma que ocorreu porque a Vida e a Terra foram coisificados. pessoas se tornaram "mão de obra" e a Natureza "fonte de matéria prima".

E cá estamos neste caos ecológico e social tremendo, que combinados com as potentes armas que existem podem exterminar toda a vida sobre a Terra.

É total ilusão acreditar que o modelo da revolução industrial é o único modelo possível de desenvolvimento tecnológico.

Os bruxos e bruxas foram mortos, seu saber perseguido e quase extinto porque falavam de uma realidade viva, de uma natureza viva e consciente e assim, os caminhos que propunham eram caminhos onde a tecnologia viria na forma de uma tecnologia branda, não agressiva ao meio ambiente, onde os seres humanos continuassem a desenvolver um estilo de vida que não fosse o dos escravos e senhores, perpetuados em diferentes formas na presente organização social.

A guerra entre conquistadores e povos nativos sempre foi uma guerra pelo controle da realidade.

Os povos nativos em sua quase totalidade optam por abordagens harmônicas e empáticas com a natureza, enquanto os povos conquistadores estão sempre preocupados com seu poder e subjugação de outros, pouco percebendo o que acontece a sua volta além de seus interesses, tendo sempre atitudes desarmônicas.

A partir dos valores dos povos nativos, hoje usando mesmo alguns dos conhecimentos oriundos desta civilização tecnológica que aí está, podemos criar uma outra realidade, onde o mundo pode continuar seu fluxo, sem necessitar deste modelo de destruiçao progressiva que hoje domina.

Utopia?

Não, magia!

Outros povos desenvolveram outros estilos tecnológicos, Maias, Anassazi e outros povos que migraram para outras condições da Realidade quando do ínicio das crises neste mundo, desenvolveram estilos de tecnologia que hoje fazem parte do chamado "fenômeno ufológico" tema que um dia abordaremos aqui, "Bruxaria e ufologia".

Nós ficamos presos nesta senzala, que é a pretensa realidade, mas outros povos migraram para outras condições da realidade, outros mundos e dimensões e ali continuaram seu ciclo evolutivo.

Nos visitam quando os conquistadores de plantão cochilam.

Estamos entrando na Era Pós Industrial.

Touraine, Toffler, Domenico de Masi, são muitos os que abordam este fato, que a ERa Industrial fica para trás como um parenteses num caminho que liga os paradigmas da nova fase histórica com os da chamada "primeira onda" de Toffler, valores como busca de uma produção orgânica, valorização do sentir e da intuição tanto quanto do pensamento sistematizado, enfim valores ecológicos , voltam a ser respeitados e considerados vitais para a sobrevivência saudável do ser humano, pois basta um olhar crítico sobre o mundo para perceber que a sociedade que vivemos não é saudável.

E o suporte filosófico e místico não vem de religiões dogmáticas que foram usadas através do tempo para dominar as pessoas, onde culpa, medo e insegurança são estimulados nos (as) "seguidores".

O neo paganismo, a religião da Terra, o religar-se à Terra enquanto ser vivo e consciente é um caminho que leva à MAGIA e a VIDA.


Em homenagem sincera a tantas mulheres valorosas, homens corajosos, que entregaram suas vidas às chamas, que resistiram a tortura mas nada revelaram dos SEGREDOS, em homegem a estes heróis e heroinas que com seu sacrificio salvaram outros para que a tradição continuasse nos chamamos bruxos e bruxas.

Porque hoje podemos ,nós seus herdeiros(as) espirituais, dançar em praça pública, dizermo-nos publicamente pagãos (ãs) e sentir que uma nova fase da História se aproxima nos dizemos bruxos e bruxas.

E podemos ver além da confusão que os que sabem que vão perder o poder estão criando para que não percebamos o SOL da primavera retornando, porque temem a verdade, a constatação esta civilização construida no gelo da ganância e egoísmo, ruirá por si.

Os que fizeram seus impe'rios e suas armas de poder no gelo da realidade vazia e estéril que criaram temem que redescubramos a magia, pois o calor da magia os ameaça pela sua simples existência.

Por isso nos chamamos Bruxos e Bruxas, por isso temos caldeirões e colheres de pau, pilões, vassouras e outros instrumentos que usamos para tecer nossas magias, porque nestes simples ato deixamos nossa condição isolada e nos irmanamos em vasta corrente que além do tempo e espaço conectada está com a Deusa.


Pois em cada ato mágico, em cada rito que ritualizamos uma onda de energia vence tempo e espaço e toca nossos antepassados espirituais enquanto ardem na fogueira dos conquistadores, com nossa magia viva hoje lhes dizemos:

- "Coragem, venceremos!"

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

MABON - EQUINÓCIO DE OUTONO


    Mabon ou Equinócio de outono como também é chamado de  será exatamente no dia 20 de março às 02:15hs, segundo período do ano em que o sol se encontra diretamente sobre o Equador e em que dia e noite têm igual duração. É nessa fase em que a Luz e Escuridão estão equilibradas, mas a escuridão começa a ganhar da Luz e, em breve, a Escuridão suplantará a Luz.
   Esse Sabbath é encarado como um tempo de equilíbrio, gratidão aos Deuses e reflexão, representa a segunda colheita da Roda e é a maior colheita do ano. Mabon marca o momento de começarmos a compreender que em breve a Morte de nosso Deus mais uma vez se manifestará.

   Em Mabon, temos a convicção de que a cada dia nosso Deus, o Sol, enfraquece seus raios e diminui sua luz. Ele está envelhecendo e morrendo lentamente como as plantas colhidas da terra. Ele gastou todo o seu poder fertilizador durante os Sabbaths anteriores, e é esse poder que agora é colhido por nós nas colheitas nessa época.

   Nossa Deusa, grávida, mantém-se de pé diante do
leito de morte do Deus, mas ela tem a promessa de seu renascimento dentro do útero, por isso não está triste. Ele aos poucos definha em seus braços. As plantas estão começando a morrer e suas folhas caem e tornam-se de um marrom desvitalizado. Animais estão preparando abrigo para o frio que se aproxima. Considerando que esse é um dos dois dias de equilíbrio do ano (como vimos em Ostara), é tradicional fazer uma limpeza na casa.

   Deverão ser abençoados os umbrais da casa para proteção dos que nela vivem. Compre roupas novas, renove seu guarda-roupa. É uma ótima época para feitiços que visam ao seu equilíbrio, seja financeiro, amoroso ou profissional. Abra mão de culpas que não pertencem a você substituindo-as por carinho e aceitação. Aumente sua auto-estima. Leia muito, renove também seus conceitos intelectuais. Andar a pé descalço na natureza é ótimo para equilibrar-se energeticamente.
Devemos também pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de nossa ajuda e conforto, assim como é a época ideal para prestar homenagens a nossos antepassados femininos, queimando papéis com seus nomes no caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Xamanismo Celta.

Morríghan
       Quem de nós, pagãos, não ouviu ao menos uma vez falar de deuses e heróis como Merlin, Cerridwen, Morríghan, Arthur e outros tantos exemplos da Mitologia Celta? Quem de nós consegue resistir ao Apelo Mágico das lendas e mitos que envolvem esses deuses e heróis? E quantos de nós, ao lermos esses mitos e lendas, conseguimos realmente compreender a sutileza das magníficas lições e ensinamentos neles contidas?


Essa não é uma tarefa fácil. A linguagem dos mitos e lendas ancestrais é por vezes muito truncada, posto que cheia de simbolismo. Ademais, os mitos e lendas pertencem a outras civilizações, que viveram em outros tempos, e certamente sua visão do mundo é muito diferente da nossa. Mas, como sempre digo as lendas não são somente estórias, elas contam a história de um povo. E para compreendê-las, temos que encará-las como vivas - e nenhuma outra tradição apresenta as lendas de forma mais viva do que o Xamanismo.
Os preceitos básicos do Xamanismo - conhecer e reintegrar-se aos ciclos da Natureza, acessar suas manifestações e buscar através dessa compreensão a evolução - são os mesmos desde há milhares de anos, e hoje mais e mais pessoas procuram conhecer as técnicas e ensinamentos do xamanismo como caminho espiritual que supra a carência de contato com o Princípio Criador da Terra Viva. Apesar de normalmente associado aos povos indígenas norte-americanos, o termo "Xamã" na verdade é de origem siberiana, e designa o "sacerdote" ou mensageiro que acessa as energias e seres do mundo sutil. No entanto, praticamente todas as culturas ancestrais possuem elementos xamânicos em suas filosofias e religiões. Além das já citadas tribos primitivas da Sibéria e dos nativos norte-americanos, encontramos traços xamânicos entre os bosquímanos africanos, os aborígines australianos, os povos pré-cabralianos do Brasil e, obviamente, entre os antigos Celtas. E é justamente sobre essa forma de Xamanismo que iremos falar.

A cultura Celta é provavelmente a que mais exerce influência no Movimento Neo-Pagão atual. Além do fascínio causado pelos mitos e lendas celtas, seus deuses e deusas, seu calendário e seus rituais mágicos são amplamente utilizados pelas tradições Neo-Pagãs. Contudo, apesar dos fortes elementos xamânicos existentes na religião dos Celtas, pouca atenção é dada aos aspectos práticos dessa tradição. Muita atenção tem sido dada às datas do Calendário e às deidades, mas raramente o tema Xamanismo Celta é abordado com profundidade, seja aqui no Brasil ou no exterior.
Trata-se, contudo, de um caminho, de uma corrente, muito forte e significativa. Através do Xamanismo Celta, podemos realmente compreender os mitos e lendas celtas, seu real significado, bem como a verdadeira natureza de deusas e deuses, heroínas e heróis da Irlanda, Gália e Grã-Bretanha. O Xamanismo Celta, por sua abordagem completa e complexa, mas simples e direta, possibilita um REAL entendimento da roda do ano e de seu significado.

     Atualmente, o escritor e mitólogo inglês John Matthews é o maior expoente do Xamanismo Celta. Num trabalho sério e responsável, rico em fundamentos acadêmicos, ele oferece uma visão clara e prática, mas igualmente profunda, do que é o Xamanismo Celta. Trata-se de um Caminho que, ao unir a magia do Xamanismo ao vigor da cultura Celta, cria uma alternativa válida e ao mesmo tempo fascinante para a Busca pelo desenvolvimento pessoal e por um mundo melhor. O Universo do Xamã Celta.

Um dos mais originais e belos pontos do Xamanismo Celta é a sua cosmovisão, ou seja, o modo como o universo é descrito. Esta cosmovisão compartilha elementos com muitas outras religiões de origem indo-européia (Celtas, nórdicos, etc.), como a divisão do Universo em três esferas, a existência de uma árvore sagrada que liga essas esferas, e por aí vai. No caso específico do conhecimento oferecido pelo Xamanismo Celta, o Cosmo é dividido em três: O Mundo Superior, O Mundo Médio e o Mundo Inferior. Interligando esses três planos, temos uma árvore, Bíle, a árvore da vida ou YggDrassil.

Erguendo seus galhos rumo aos céus, e lançando suas raízes nas profundezas da terra, a árvore é o verdadeiro Axis Mundi, o Eixo do Mundo, que funciona como ponte entre todos os planos do Universo. Ao redor de seus galhos, órbita o Sol e a Lua, determinando assim a passagem do tempo e das estações, tão importantes para a religião celta (como atesta a Roda do Ano). Em seus galhos temos o Mundo Superior: ao contrário do que se possa imaginar, o Mundo Superior não está hierarquicamente acima dos demais, é apenas "geograficamente" superior. É aqui que encontramos as estrelas e os corpos celestes, que lançam sua influência sobre nós. O Mundo Superior envolve e é envolvido pela copa da Árvore e seus galhos e ramos. O Mundo Médio é o nosso mundo, nossa dimensão. É nossa morada. Para o xamã celta, este é o ponto de partida. A partir daqui, podemos nos deslocar para cima (Mundo Superior) ou para baixo (Mundo Inferior), e assim interagir com as criaturas, deuses, animais totêmicos, espíritos da Natureza - que neles habitam. No Mundo Médio do Xamanismo Celta podemos perceber claramente os elementos da magia _ O Mundo Médio é representado por um círculo ao redor do tronco da árvore, onde temos as quatro direções (ou Quatro Ventos) Norte, Sul, Leste e Oeste, que por sua vez estão associadas aos quatro elementos. O quinto é a própria Árvore, essência e símbolo da Vida, à qual o Xamã Celta se funde em sua Jornada.

Por fim, temos o Mundo Inferior. Novamente, não se trata de uma inferioridade hierárquica ou de importância, pelo contrário, pois o Mundo Inferior é a morada dos deuses do submundo. Ou seja, é aqui que entramos em contato com os Poderes da Terra, suas forças e energias. No Mundo Inferior (por vezes chamado de Submundo, novamente sem nenhuma conotação negativa) existe uma nascente, de onde surgem os Sete Rios Da Vida. A Água sempre foi um símbolo da origem da vida - muito antes da ciência apresentar suas teorias de que a vida teria surgido das águas primordiais, as mitologias do mundo já viam mares, oceanos, rios e nascentes como fontes de vida e energia. Por esses sete rios transitam os animais totêmicos e animais de poder do mundo do Xamanismo Celta. Essa divisão do universo em três planos é clara, porém um plano está intimamente ligado ao outro.
 

 Como podemos perceber na mitologia celta, o Mundo Superior e o Inferior se confundem, e por vezes ambos são chamados de Outro Mundo, em contraste com o nosso Mundo, o Mundo Médio. E mesmo esta separação não é definitiva, pois em determinados momentos esses mundos se tocam e se fundem - como no festival de Samhain, onde se rompem temporariamente as barreiras já tênues que separam o Outro Mundo de nosso Mundo. O mais interessante, porém, é que essa visão abarca todo o Universo e, no entanto, nas tradições irlandesas, o Universo é do tamanho de uma avelã... Uma clara referência à visão celta do microcosmo contido no macrocosmo. Toda a vastidão do Universo cabe dentro de uma pequena avelã... Logo a avelã, símbolo máximo do conhecimento na tradição celta!
O simbolismo é claro: a avelã é o conhecimento - e é também o universo. Se eu conheço o universo, conheço tudo! E se conheço tudo, conheço os deuses e deusas, as criaturas e, principalmente, conheço a mim mesmo!

Assim, com essa visão de três mundos interligados por uma Árvore (a própria Vida), o Xamã Celta pode começar sua jornada pelos diferentes Planos. Pode ir ao Mundo Superior, para buscar iluminação e cura, pode descer ao Inferior, para conhecer os mistérios da Natureza e sempre deve retornar, para por em prática o seu trabalho e seu aprendizado, diante de Deuses, Deusas, Animais E Mestres. Certamente o Xamã Celta não embarca em sua Jornada apenas para satisfazer sua curiosidade ou sede de poder. Na verdade, o que todo Xamã busca é o Conhecimento, mas mais ainda, a Sabedoria para usar esse conhecimento de modo correto. Todo Xamã é um aprendiz, mas é também um mestre. Mas mais do que isso, o verdadeiro Xamã é aquele que intermedia entre nosso mundo e o mundo dos Deuses. É o responsável pela cura, pessoal, individual e coletiva. Ao Xamã cabe, ao obter Conhecimento e Sabedoria no Outro Mundo, utilizá-los aqui para o bem da terra e do clã. O Xamanismo Celta é um poderoso instrumento para conhecer os deuses, curar a terra e criar um mundo melhor.